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Poética Racional | Rational Poetics

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por Allex Colontonio

Olhando de fora para dentro, a arquitetura do móvel no Brasil é discreta, sofisticada, rígida, essencial, moderna e emocional. Desde que Zanine Caldas e Sergio Rodrigues pavimentaram a estrada da nossa tradição marceneira ao lado de forasteiros que se redescobriram (e naturalizaram) nessas terras oriundos dos grandes êxodos no pós-Guerra da Europa – como o português Joaquim Tenreiro, o polonês Jorge Zalszupin, o romeno Jean Gillon, a italiana Lina Bo Bardi e o ucraniano Gregori Warchavchik, só para citar alguns –, excelentes criações nacionais transpuseram fronteiras e conquistaram status de arte em galerias e leilões internacionais.
Olhando de dentro para fora, nota-se que esta vanguarda vem avançando timidamente desde as décadas de 1950 e 1960. É verdade que há muito não surgia uma geração tão expressiva de designers brasileiros como agora. A cada temporada, uma nova safra de gente talentosa, criativa e original desembarca no circuito com ideias novidadeiras realizadas com os fundamentos balizados pelos grandes mestres. Paradoxalmente, as empresas oferecem pouca oportunidade para eles e a produção não acontece – ou, quando acontece, não reverbera. Por tudo isso, não é exagero dizer que atualmente no País nenhuma outra parceria entre criador e fabricante é tão prolífica, sólida e consistente quanto a de Jader Almeida com a SOLLOS, marca inovadora que conquistou prestígio ao investir maciçamente em conceito, identidade, qualidade e sustentabilidade, e da qual é diretor criativo há pouco mais de uma década.
Um case espetacular de consumo, credibilidade e crítica que está entre os mais expressivos – e premiados – do cenário e que vai muito além da fórmula certeira que condensa matéria-prima de primeira, desenho de autor, alta tecnologia com rigor artesanal e excelência desde o croqui ao manuseio/embalagem e distribuição dos objetos prontos, passando pelos canais de divulgação e comercialização.

 

Arquiteto por formação, o jovem designer sempre perseguiu um raciocínio mais panorâmico de seu ofício, tanto do móvel como do espaço ocupado pelo mesmo, o que faz com que sua perspectiva de criação exceda os meros contornos do produto e decodifique uma leitura de suas possíveis órbitas, em efeito plural. Nesta métrica, suas coleções de forte acento brasileiro, atemporais e cosmopolitas, sem folclores ufanistas, se desdobram em famílias inteiras de mobiliários e acessórios para compor a casa, numa narrativa única, contundente e surpreendente, que não deixa nada a dever aos italianos e escandinavos, líderes no segmento.
Apesar da poética tangível da obra, Jader não se considera artista e talvez sejam justamente essa consciência e autocrítica os seus principais méritos. Ele sabe que, entre o croqui e a execução, é que reside o todo, e que o todo não pode ser desmembrado nem por uma fração de segundos. Com a colaboração panorâmica da equipe SOLLOS, gere intrinsicamente desde as etapas handmade aos procedures de ponta. Do encaixe ordinário de um parafuso secreto, ao detalhe mais extraordinário de acabamentos confeccionados com requintes de joalheria, lá estão seus gestos discretos, sofisticados, rígidos, essenciais, modernos e emocionais. Só que com os dois pés bem cravados no chão – tanto no “solo” da fábrica, quanto no chão do mercado que o consagrou.
De dentro para fora e de fora para dentro, mesmo antes de completar 40 anos de idade, Jader é um dos criadores mais maduros e competentes da mobília contemporânea no Brasil.

 

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by Allex Colontonio

Furniture design in Brazil is seen from abroad as discreet, sophisticated, rigid, essential, modern, and emotive. Since Zanine Caldas and Sergio Rodrigues paved the road of our carpentry traditions with foreigners from the European Post-WWII diaspora that have migrated and rediscovered themselves in this land. People such as Joaquim Tenreiro from Portugal, Jorge Zalszupin from Poland, Jean Gillon from Romania, Lina Bo Bardi from Italy and Gregori Warchavchik from Ukraine, to name a few – have created excellence that have overcome national borders, conquering the status of art in international galleries and auctions.
From within Brazil, it is possible to note that this vanguard has been advancing slowly since the 1950 and 1960 decades. It is true that such expressive generation of designers had not appeared in Brazil for long until now. Each season brings to the circuit a new harvest of talent, creativity, and originality with novel ideas based on great masters. Paradoxically, companies offer little to no opportunity for them, and production does not reverberate, if produced at all. For these reasons, it is not exaggerating to say that there is no other partnership between manufacturer and creator that is as solid, prolific, and consistent as the partnership between Jader Almeida and SOLLOS. He is the creative director at the innovative brand that became prestigious in investing massively in concept, identity, quality, and sustainability for over a decade.
A spectacular case for consumerism, credibility, and criticism among the most expressive and awarded members in the scenario goes way beyond the certain formula that comprises first-rate raw materials, authoring design, high technology with crafting rigor, and excellence from sketch to packaging, handling, and distributing the finished objects, as well as advertising and sales.

 

The young designer has always pursued a larger panorama in his craft after graduating in Architecture – for both the furniture and the space it occupies. This makes his creative perspective and rationale exceed the mere outlines of each product, decoding a reading of their many possible orbits. Within this metrics, his collections have a strong Brazilian accent that is timeless and cosmopolitan, with no vainglorious folklore, unfolding in entire families of furniture and accessories for the home in a single narrative that is sharp and surprising that owes nothing to the Italian and Scandinavian leads in this segment.
In spite of the tangible poetics in his work, Jader does not see himself as an artist – which is perhaps this very consciousness and self-criticism that makes his main merits. He knows that the whole exists between sketch and execution, and it cannot be compartmentalized for a second. With panoramic collaboration with the SOLLOS team, he intrinsically manages from the hand-made stages to high-end procedures. From the ordinary fitting of a hidden screw to the most extraordinary jewelry-like finishing – everything has his discreet, sophisticated, rigid, essential, modern, and emotive touch. However, he is well grounded both in the factory floor and in the market that consecrated him.
Looking from inside or outside of Brazil, Jader is one of the most mature and competent creators in Brazilian contemporary furniture, even before age 40.

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