em Design.

Menos e Melhor | Less and Better

por Pedro Ariel

Desde que uma crise econômica generalizada teve início em 2008, novos comportamentos começaram a surgir em função do novo momento. Nos últimos anos, uma nova crise, agora de valores, se alastrou entre os jovens, e verdades antes incontestes caíram por terra. Na Europa, toda uma nova geração entrou no mercado de trabalho com a economia em frangalhos e acabou aprendendo (e valorizando) a viver com menos. Menos luxo, menos desperdício, menos espaço… Ao mesmo tempo em que as pessoas passaram a compartilhar (de graça, ou quase) experiências de todos os tipos nas redes sociais. Já não existe mais fronteiras e a velocidade da informação é inimaginável. Especialistas anunciam um novo modelo econômico, a “Sharing Economy”, ou Economia Colaborativa. Nesse modelo, empresas digitais, que ocupam pouco espaço e tem poucos funcionários, ganharam valor de mercado estratosférico. Bons exemplos disso é o Airbnb, que reduziu a menos da metade o valor da hospedagem, e o Uber, que tornou o táxi um meio de transporte anacrônico. São exemplos de companhias que nasceram digitais, eliminaram atravessadores e oferecem serviços bons e baratos com uma navegação simples nos smartphones e ainda contam com a parceria do cidadão comum. Tudo sem maiores taxas ou impostos. Na Economia Colaborativa, o dinheiro em circulação diminui e os governos se desesperam em busca de uma legislação específica e novas formas de arrecadação.

Em um cenário de crise e transformação, a indústria moveleira mundial busca também se adequar. Já não existe mais espaço para os móveis excessivos, grandes demais, enfeitados demais. O mobiliário que vimos surgir nos últimos anos em feiras como a de Milão é econômico em vários sentidos. São peças menores e destituídas de adornos e que gastam menos matérias primas. Mas, nem por isso, são menos interessantes. Esse novo minimalismo bebe na fonte dos designers escandinavos da primeira metade do século 20, que tinham na pureza formal seu principal trunfo. Mas também se espelham no preciosismo e na relação atávica com a natureza dos japoneses. São pequenos, leves, orgânicos e funcionais, de acordo com valores como parcimônia e simplicidade. Esse mobiliário também reflete nosso desejo de um cotidiano mais tranquilo e silencioso, num contraponto aos excessos da vida contemporânea: de compromissos, de informação, de exposição virtual. Nesse sentido, o móvel criado por Jader Almeida está perfeitamente inserido no contexto atual. Jader tem a convicção de que produtos de desenho eficaz podem incrementar a qualidade de vida através da praticidade e da beleza poética. Isso é tudo o que o novo momento pede. Isso explica o sucesso do designer onde quer que ele lance suas delgadas mesas e cadeiras. O mundo parece descobrir que Jader é o designer certo para esse início de século tão incerto.

 

SJ_linha

 

 

by Pedro Ariel

Since a generalized economic crisis began in 2008, new behaviors emerged. In recent years, a new crisis of values has spread among young adults, in which old and solid truths were questioned. A whole new working generation entered the ravaged European market, and has ultimately learned (and valued) living with less. Less luxury, less waste, less room… At the same time, people started sharing (for free, or nearly so) all kinds of experiences on social networks. There are no more frontiers, and the speed of information flow is unimaginable. Specialists have announced a new economic model, the collaborative “Sharing Economy”. In this model, digital companies with small physical spaces and few employees have gained sky-high market value. A few good examples are Airbnb, that reduced hotel fees by more than half, and Uber, that transformed taxis into an anachronistic means of transportation. These companies were born in digital means, eliminating the person in the middle, offering good and inexpensive service with simple smartphone navigation, as well as counting with partnerships of the general citizenry. All of this with lower taxes. In the Sharing Economy, there is less money circulating; thus, governments despair in seeking specific legislations and new forms to collect tax.

In this scenario of crisis and transformation, the world furniture industry also seeks to make adaptations. There is no more room for excessively large and embellished furniture. What we have seen lately in fairs such as Milan Design Week is economic in more ways than one. Pieces are smaller, with no embellishments, and therefore spend less in raw materials. They are in no way less interesting, however. This new minimalism can be traced back to Scandinavian designers of the early 20th century, whose trump card was formal purity. They are also inspired by the Japanese preciosity and ancestral relation to nature. They are small, light, organic, and functional, in accordance with values such as simplicity and thriftiness. This furniture also reflects our wish for more quiet and tranquility in our quotidian, to counter the contemporary excesses: in appointments, in information, or in virtual exposure. In this sense, the furniture created by Brazilian designer Jader Almeida is perfectly inserted in this present context. Almeida is certain that products with effective design can improve in quality of life through poetic beauty and practicality. This is everything that our new reality wants. It explains his success wherever he showcases the lean tables and chairs he designs. The world seems ready to find out that Jader Almeida is the right designer for this very uncertain early 21st century.

Leia também